terça-feira, 18 de setembro de 2007

O Moscatel e o Mar: a lenda do Torna-Viagem

Tempos houve em que os portugueses cruzavam os mares à procura de novos mundos, novas rotas comerciais, novos caminhos para a fé. Em algumas das muitas viagens os porões dos navios foram carregados de cascos de Moscatel de Setúbal, o generoso da península, cruzou mares à procura de rota comercial mas… não foi apreciado pelos povos a quem o levamos. Um fiasco comercial, a ruína do armador, o doce liquido – rejeitado além fronteiras – tornou timidamente a Setúbal.

No entanto, no seu regresso muitos foram os que o provaram para compreender por que razão tinha sido rejeitado… para surpresa de todos, o precioso liquido tinha melhorado as propriedades. Diz a história que os choques térmicos assim como a agitação dos pipos provocaram um conjunto de reacções favoráveis ao amadurecimento do vinho, tendo enaltecido as suas características. Ficou então baptizado como o Moscatel Torna-Viagem, cuja história e pipos estão ainda hoje conservados na Adega de José Maria da Fonseca em Azeitão.

Em Julho, o Navio Escola “Sagres”, da Marinha Portuguesa, iniciou mais uma das muitas viagem de instrução de cadetes da Escola Naval. Desta vez, e durante todos os meses que esteve no mar, levou a bordo quatro cascos de Moscatel de Setúbal e, dois cascos de Moscatel de Setúbal Roxo da colheita de 2000. Talvez esta seja uma iniciativa para homenagem à lenda do Torna Viagem, talvez seja a confirmação de uma tese ou a criação de um novo néctar… seja como for, para além da já conhecida relação do Porto com o Douro, também o Moscatel de Setúbal teve a sua relação com os rios e oceanos.