Sábado 18/08/2007
08:00
O despertador tocou sem piedade pouco passava das oito... doía-me o corpo todo. Olhei pela janela e ao fundo, o mar da palha, de côr acastanhada - ia ser "bom de vela". A Custódia preparou-me o saco com a roupa e a cosmética enquanto me forçava a acordar debaixo do chuveiro. Passei os três kilometros que separam a casa do clube a pensar como iria tirar proveito daquele vento ora N ora NE. Finalmente tinha um dia bom para deixar o Martim ao comando do seu optimist!
09:00
Os adolescentes foram chegando a conta gotas, ensonados, mas motivados com um dia de vento ( os útimos 3 sábados foram miseráveis!)O Martim, chegou pela mão de pai pouco passava da nove e, ainda mal me comprimentava, perguntou-me logo se havia vento para andar à vela. O brilho nos olhos do pequeno tornava evidente a sua vontade em se fazer ao mar...
10:00
Já na praia, com os barcos montados, informei os crescidos que iria dar mais atenção ao pequeno Martim. Fizemos uma revisão das técnicas, definição dos exercícios e começamos a por barcos na água. O Martim saiu a direito da praia, atrapalhado, com dificuldades em manter o rumo, fugindo com a proa para o vento... corri para ele, posicionei-o fora do alcance de barcos, amarrações, poias e muito lixo... montei duas boias para fazer exercícios ao largo, disse-lhe como queria que fossem contornadas, mas principalmente, pedi-lhe para "sentir o vento".
11:00
Ao fim de algumas voltas trapalhonas o Martim sentiu como o vento lhe enchia a vela e como isso fazia o seu barco deslocar-se... controlou o barco entre as boias com algum conforto, virou de bordo com confiança, já sorria por sentir que estava a fazer bem... acho que o Martim ficou "agarrado"! O Carlos da canoagem passou a manhã comigo no semi-rigido, ouviu atentamente as instruções dadas aos outros colegas (acho que foi um processo de enamoramento!), ao sentir a evolução do Martim pediu-me para experimentar fazer vela... foi um sucesso!
12:00
Chegou o varino da Moita com a charanga a bordo, parei os exercícios para irmos brindar à entrada da baía e ajuda-los a atracar no nosso cais. O Carlos baldou-se duas vezes mas estava exultante. Para a semana cá estará novamente!
13:30
Recolhemos a terra
Sábado 18/08/2007 o vento, o mar e a vela passaram a fazer sentido nas vidas de mais duas pessoas um com oito o outro com treze anos...
Tomei a liberdade de publicar esta passagem de diário neste blogue de modo a reforçar a importância das escolas de vela e das associações náuticas como mecanismos de socialização e educação pelo mar.